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Reciclagem de Resíduos Alimentares

Coreia do Sul recicla 97% dos resíduos alimentares

por Redação
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Como a Coreia do Sul recicla 97% dos resíduos alimentares e o que podemos aprender

A Coreia do Sul é um dos países com maior eficiência na reciclagem de resíduos alimentares, alcançando 97% de reaproveitamento desses materiais. Este marco impressionante não surgiu por acaso; ele é resultado de décadas de políticas públicas, conscientização e tecnologia avançada. Neste artigo, exploraremos as estratégias usadas pelo país para atingir esse nível de sucesso e como outros países podem adaptar essas práticas para melhorar a gestão de resíduos.

1. O desafio do desperdício de alimentos no mundo

O desperdício de alimentos é um problema global que afeta todas as nações. Estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que, em 2019, o mundo gerou aproximadamente 931 milhões de toneladas de resíduos alimentares. Uma grande parte desses resíduos acaba em aterros, contribuindo para problemas ambientais como a produção de metano — um gás de efeito estufa extremamente potente.

Nos Estados Unidos, por exemplo, 60% dos 66 milhões de toneladas de alimentos gerados em 2019 foram descartados em aterros. Em contraste, a Coreia do Sul transformou sua abordagem de gestão de resíduos alimentares em um sistema modelo, reaproveitando quase a totalidade desses resíduos. Mas como a Coreia do Sul conseguiu alcançar essa façanha?

2. A jornada da Coreia do Sul na reciclagem de resíduos alimentares

Nos anos 1980, com o rápido crescimento econômico, a Coreia do Sul enfrentou problemas sociais e ambientais decorrentes da urbanização. Com mais de 50 milhões de habitantes e uma densidade populacional elevada, a necessidade de uma gestão eficiente de resíduos se tornou cada vez mais crítica. No entanto, em 1996, o país reciclava apenas 2,6% de seus resíduos alimentares.

A mudança veio através de uma série de políticas e campanhas que incentivaram a população a adotar práticas mais sustentáveis. Em 1995, o governo introduziu um sistema de pagamento baseado no volume de resíduos gerados. Inicialmente, os resíduos de alimentos não eram separados do lixo comum. Porém, em 2005, a lei proibiu o descarte de restos de alimentos em aterros, o que impulsionou a criação de sistemas mais avançados de reciclagem.

3. O sistema de Taxa por Peso dos Resíduos Alimentares

O sistema atual, chamado de Taxa sobre Resíduos de Alimentos por Peso (WBFWF, na sigla em inglês), foi implementado em 2013 e é uma das peças centrais do sucesso da reciclagem na Coreia do Sul. Esse sistema exige que os cidadãos paguem diretamente pelo volume de resíduos alimentares que descartam, promovendo uma mentalidade mais consciente em relação ao desperdício de comida.

A tecnologia desempenha um papel fundamental neste processo. Em Seul, por exemplo, os resíduos são colocados em máquinas automatizadas que pesam os restos e cobram uma taxa com base no peso. Essas máquinas utilizam tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID), permitindo que cada usuário seja identificado e cobrado de acordo com a quantidade de resíduos que produz. Esse método tem mostrado ser eficaz em reduzir o desperdício, já que as pessoas podem ver exatamente quanto lixo geram e quanto isso custa.

4. Três métodos de coleta e reciclagem de resíduos alimentares

Na prática, o sistema de reciclagem de resíduos alimentares na Coreia do Sul varia conforme a região e o tipo de residência, mas geralmente se enquadra em três métodos:

  1. Sacolas autorizadas: Os cidadãos compram sacolas especiais para descartar seus resíduos alimentares. O preço das sacolas é proporcional ao tamanho e, uma vez cheias, são coletadas pelos serviços municipais de lixo.
  2. Adesivos para resíduos: Restaurantes e empresas de alimentos utilizam adesivos que devem ser colados nos recipientes de resíduos. Cada adesivo corresponde a uma quantidade de resíduos, e o custo é pago antecipadamente.
  3. Máquinas RFID: Como mencionado, essas máquinas são usadas em grandes complexos de apartamentos e pesam automaticamente os resíduos, com o valor sendo cobrado diretamente no cartão de crédito ou adicionado à conta mensal de serviços públicos.

5. O destino dos resíduos alimentares reciclados

A reciclagem de restos de alimentos na Coreia do Sul serve a diversos propósitos. De acordo com dados de 2022, os resíduos alimentares reciclados são utilizados principalmente para:

  • Ração animal (49%): Após passar por processos rigorosos de aquecimento e fermentação, os restos são transformados em alimentos para animais.
  • Adubo (25%): Os restos são compostados para criar fertilizantes orgânicos que são utilizados na agricultura.
  • Produção de biogás (14%): A fermentação dos resíduos também gera biogás, uma fonte de energia renovável.

No entanto, existem desafios contínuos. Um dos maiores é garantir que os resíduos reciclados para ração animal estejam livres de contaminantes que possam afetar a saúde dos animais. A Coreia do Sul mantém padrões rigorosos para o processamento desses resíduos, mas surtos como a febre suína africana em 2019 reforçaram a necessidade de monitoramento constante.

6. Os benefícios ambientais e econômicos da reciclagem

O sucesso da Coreia do Sul na reciclagem de resíduos alimentares oferece uma série de benefícios ambientais e econômicos. Ao reduzir a quantidade de resíduos que vai para os aterros, o país diminui as emissões de metano e outros gases de efeito estufa, contribuindo diretamente para a mitigação das mudanças climáticas. Além disso, o reaproveitamento dos resíduos para ração e adubo reduz a dependência de insumos externos e gera economia para a agricultura.

Além dos benefícios ambientais, o sistema também tem um impacto social positivo, incentivando os cidadãos a repensar seus hábitos de consumo e desperdício de alimentos. A aplicação de multas para quem descarta resíduos de forma inadequada serve como um incentivo adicional para a adoção de boas práticas.

7. O que outros países podem aprender com a Coreia do Sul

O sistema sul-coreano é um exemplo de como políticas públicas eficazes, aliadas à tecnologia e à conscientização da população, podem transformar a gestão de resíduos alimentares. Países com desafios semelhantes de urbanização e alta densidade populacional podem adaptar muitos dos princípios aplicados na Coreia do Sul, como o sistema de cobrança por peso e a utilização de tecnologias avançadas para monitoramento.

No entanto, é importante lembrar que não existe uma solução única que sirva para todos os países. Em regiões onde a insegurança alimentar é uma questão crítica, como em partes da América Latina e África, a ênfase pode estar mais em estratégias para maximizar o uso dos alimentos, como a doação de excedentes e a redução das perdas durante a cadeia de produção.

A Coreia do Sul oferece um exemplo poderoso de como políticas públicas, tecnologia e educação podem transformar a gestão de resíduos alimentares. Embora os métodos adotados possam não ser aplicáveis a todos os países de maneira uniforme, a essência do sistema — que inclui o pagamento por resíduos, reciclagem rigorosa e conscientização da população — pode inspirar soluções adaptadas às realidades locais.

Conheça Mais

Se você se interessou por como a Coreia do Sul aborda a reciclagem de resíduos e quer aprender mais sobre sustentabilidade e gestão de resíduos, visite nosso blog para explorar outros artigos relacionados! Aqui você encontrará dicas práticas e soluções inovadoras que podem ser aplicadas em diferentes contextos ao redor do mundo. Acesse e descubra como podemos juntos reduzir o desperdício e melhorar o meio ambiente!

Este artigo foi inspirado na matéria de Alejandra Martins, publicada no BBC News Mundo em 8 de outubro de 2024. Para mais detalhes, acesse o artigo completo aqui.

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